segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Em Time que esta Vencendo Não se Mexe!

Fim de Uma Vida Sem Sentido

Em Agosto de 1992 parecia que minha vida finalmente desacelerava daquele ritmo intenso no qual eu vivia desde que havia saído do Brasil no mês de Janeiro. Com o final das Olimpíadas em Barcelona, regressamos à Madrid e concluímos a ETED. Enquanto os demais estudantes começaram a regressar aos seus países, eu me preparava para uma longa aventura que me levaria a 32 países nos 5 continentes. Apesar de já saber o que estaria fazendo da minha vida nos proximos meses e anos, eu não tinha a mínima idéia de como tudo isto aconteceria

Havia chegado o momento de colocar em prática aquilo que Jesus havia dito aos seus discípulos em uma certa ocasião: "Em time que esta vencendo não se mexe!" - OK, este ditado não esta na Bíblia... este eu aprendi jogando bola nas ruas do Jardim Califórnia. Mas existem momentos em nossas vidas nos quais o melhor é não tentar "inventar modas" - o melhor é permanecer no ultimo lugar onde as cosas deram certo, no lugar onde Deus te abençoou. 

Aos 21 anos de vida eu havia encontrado sentido para a minha existência. Eu acreditava com todo o meu ser, que havia encontrado o motivo pelo qual eu havia sido criado por Deus, havia encontrado a minha missão: levar o Evangelho aos lugares mais obscuros da terra - e a JCUM era o lugar desde onde eu me prepararia para esta missão. 

Encontrar uma razão de ser e existir, não é coisa pouca. Muitas pessoas vivem suas vidas inteiras sem sentido e sem direção, sem nunca saber ou entender - dentro de suas almas - o motivo de sua existência. 

Nem preciso dizer que os desafios me motivam. Creio que parte da razão pela qual eu sempre me envolvi em confusões, era pela minha necessidade de um desafio, de algo que elevasse os níveis de adrenalina no meu organismo. Eu não queria - e até hoje não quero - chegar ao meu último dia de vida neste mundo pelo caminho mais comfortável ou seguro.

Viver com Deus é uma aventura incomparável. Nada que eu havia experimentado nos 20 anos que vivi para mim mesmo, se comparava aos últimos 6 meses da minha vida. 



O Regresso ao Brasil

Regressar ao Brasil era necessário por várias razões. A única maneira de regularizar minha situação na Espanha era através da solicitação de um visto no consulado Espanhol em São Paulo.  

Enquanto me preparava para regressar, dediquei alguns meses ajudando na manutenção do edifício da organização. Entre outras coisas trabalhei em alguns dos apartamentos refazendo instalações elétricas, pintando e também reparando encanamento. Poder servir desta forma me energizava, pois eu me sentia útil.   

Como a minha passagem de volta ao Brasil já havia expirado, eu precisava do de aproximadamente $900 dólares para uma passagem de ida e volta. Como missionario eu nao tinha remuneração alguma. E em um determinado momento o dinheiro que eu trouxe do Brasil acabou. 

Foi então que eu comecei a receber doações de pessoas conhecidas e desconhecidas. Ao regressar de Barcelona eu recebi um cheque no valor de $25 dólares proveniente de Portugal. O cheque não tinha remetente, somente um endereço. Eu recebi aquele cheque por anos sem ter a menor ideia de quem me mandava aquele dinheiro (uma história para mais adiante). Desta forma eu comecei a experimentar algo que se repetiu pelos quase dez anos em que fui missionário e que chamamos "provisão de Deus."

Tambem trabalhei por 3 meses no Pinky's, um restaurante localizado quase na frente do prédio da JOCUM (foto abaixo). No Pinky's lavei muitos pratos talheres e panelas durante o horário de almoço...

Pinky's, onde lavei muitas louças! Foto tirada recentemente por uma amiga que ainda mora no bairro.
  

Mas foi um senhor Venezuelano chamado Leonel Gonzalez quem selou a minha ida ao Brasil. Ele era o Diretor das "Lineas Aéreas Venezuelanas" e me vendeu uma passagem de volta a São Paulo via Caracas na Venezuela por $425 dólares, ou seja menos da metade do preço normal da passagem.


A caminho do Brasil, vista do Aeroporto de Caracas, Venezuela 1992.
 
Assim que em Dezembro de 1992 eu regressava ao Brasil para passar o Natal com minha família. Uma de minhas metas era a de desta vez sair do Brasil com as bençãos dos meus pais. 

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No próximo post: O Anjinho voltou - da perspectiva de alguém muito especial. 

  




2 comentários:

  1. Oi Adriano, minha mãe sempre disse "...nunca vi o justo desamparado e a mendigar o pão!" E isso é a providência de Deus que vem muitas vezes de onde menos esperamos.
    Parabéns por compartilhar sua história de vida.

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  2. Nessa promessa me apoiei e me apoio até hoje. E' muito bom poder ter esperança e poder me apoiar em alguém que é maior do que eu... Obrigado pelo apoio Marli!

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