segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Tal do Choque Cultural Reverso


Nada melhor do que celebrar o dia dos 20 anos da viagem que mudou a minha vida encalhado em um aeroporto! O vôo que me levaria ao Brasil estava marcado para sair de Chicago mas acabou sendo cancelado devido aos vários atrasos por causa das nevadas por toda a região norte dos EUA. Com isso a empresa aérea colocou todos os passageiros do vôo 843 para passar a noite em hotéis e remarcou nossa saída para o dia seguinte.

Porta de Embarque, Aeroporto de Chicago
Horas antes, ainda em Spokane, eu resolvi que iria viajar vestindo uma bermuda, pois não havia motivos para sair do aeroporto ate que eu chegasse em São Paulo... Só’ que com o cancelamento do vôo de Chicago, lá fui eu esperar pela chegada do ônibus por mais de uma hora do lado de fora do aeroporto. Enquanto os demais passageiros estavam  apropriadamente vestidos para o clima, com luvas, cachecóis, casacos, botas e gorros, eu vestia uma camiseta de mangas cumpridas, tênis e bermudas!



Depois de uma noite bem dormida, sai do quarto ao meio dia, esperei por algumas horas a mais no saguão do hotel e logo fui ao aeroporto esperar pela saída do meu vôo ao Brasil as dez horas da noite. Assim eu celebrei uma das datas mais especiais da minha vida: o dia em que cheguei na Espanha em 1992 encalhado no aeroporto de Chicago. 

O tal do choque cultural reverso:

Sou Brasileiro. Em teoria, eu não deveria ter problema nenhum com a minha própria cultura - mas não e bem assim. 

  • Logo no aeroporto, me irritei com os meus conterrâneos cortando a fila para entrar primeiro no avião... não entendi toda a pressa e fiquei indignado com a falta de educação. 
  • Ao chegar em Cumbica, um empurra- empurra para se posicionar ao lado da esteira onde as malas são colocadas. Creio que o fato de estarmos chegando a São Paulo com 24 horas de atraso contribuiu para tanta ansiedade.
  • Depois de muito esperar, descobri que uma de minhas malas havia ficado em Chicago. Imediatamente uma correria para se formar a fila para preencher formulários para reclamar as malas perdidas. Nesta nova corrida, dei uma de Brasileiro e cheguei em sexto lugar  em uma fila de umas 25 pessoas.
  • Na viagem de São Paulo a Taubaté, foram vários "quase- ataques do coração" pela maneira agressiva de se dirigir. Na via Dutra os motoristas conduzem seus veículos sempre muito próximos aos carros que estão a frente e as ultrapassagens são sempre muito próximas.
     
  • Um dia apos minha chegada, recebi duas visitas não anunciadas. Minha primeira reação foi de irritação - afinal de contas, quem simplesmente aparece na porta de sua casa sem apenas anunciar antes? Em seguida, houve a realização de que minha expectativa não era realista pois no Brasil uma visita não anunciada e' aceitável na maioria dos casos. Além do fato de que eu desfrutei muito das visitas.
Estes são alguns pequenos exemplos do que acontece nos primeiros dias do regresso ao Brasil. 

Mas também percebo de imediato, toda a beleza do nosso pais. O verde fazendo contraste com a terra vermelha pode ser visto por todas partes. O céu parece mais azul (principalmente ao sair de São Paulo). Mas o mais impactante, é que de repente as pessoas são "menores." Fico chocado com a diferença no tamanho das pessoas... onde estão os gordos? Claro que também temos nossos gordinhos e gordinhas, mas e' que nos EUA é um pouco alem do limite.

Hoje fui ao Mercadão pela manha para comer pastel na Pastelaria do Noguti. Este evento já virou  tradição. Também passei pela Sapataria Escolastico para dar um abraço em uma amiga, a Silvia - outra tradição de 20 anos! 

Com isto meu tempo aqui no Brasil vai se acabando, pois na quarta feira já regresso aos EUA. Também terminamos por aqui o tema sobre Choque Cultural. 

Nosso proximo passo no blog Coluna do Adriano será dar prosseguimento as minhas aventuras lá na Espanha, onde ainda estamos em Fevereiro de 1992.








quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vinte anos se passaram. Feliz Aniversário pra mim!


Ford do Brasil, Taubate' 1991

No meu ultimo post de 2011 escrevi sobre o "choque cultural" e em apenas 15 dias estarei passando por esta experiencia novamente. Chego no Brasil no dia 21 de Janeiro próximo. Exatamente no dia que completam vinte anos da minha chegada à Espanha. Certamente, será um momento especial tanto para mim, como também para os meus pais e irmãos, pois vinte anos não são poucos anos. Em vinte anos muitas coisas mudaram. O que mudou na sua vida nos últimos 20 anos? Talvez ainda fosse um bebe, ou talvez ainda nem estivesse vivo (a)!

Em vinte anos, minha vida mudou muito. Pena que algumas das coisas que eu estava fazendo há vinte anos atras não são dignas de serem lembradas, muito menos de serem escritas e registradas.

Vinte anos depois eu volto, mas não o mesmo. Além dos vinte anos a mais - que podem ser notados pelo processo de queda de cabelos nas regiões fronto- temporais, as famosas "entradas"- trago comigo vinte anos de influências trans-culturais, européia, arabe, orientais, mas principalmente norte americana, por razão dos dez anos que já levo como residente nos Estados Unidos.

Mesmo com tantos anos e tantas influencias, em essência, sou Brasileiro e apaixonado pelo Brasil.

A vida e os anos nos ensinam muitas coisas. Ao completar vinte anos desde minha primeira aventura, tenho tentado refletir nas coisas importantes que aconteceram e o que tenho aprendido ao largo dos anos.

Eszter e eu. Budapeste, Hungria 1997.
Entre outras coisas, na Europa eu aprendi que uma amizade não acontece com a mesma rapidez que acontece no Brasil. As pessoas demoram um pouco mais para se sentirem confortáveis com "desconhecidos e estrangeiros." Mas eu aprendi que vale a pena persistir e investir, vale a pena se dedicar e servir, pois uma vez amigos, amigos para sempre! No Brasil somos mais "dados" - mas ao mesmo tempo somos muito rápidos em descartar um "amigo".




Piramide de Giza, Egito 1997. 
No Oriente Medio aprendi que as coisas nem sempre precisam acontecem na velocidade com que estamos acostumados no Ocidente. Quando cheguei no Egito em 1997 eu quiz "fazer acontecer." Vários Egípcios com quem tive a oportunidade de conviver e conversar me recomendaram "ir com calma". Como dizem os Egípcios, "as pirâmides não foram construídas da noite para o dia, então para que ser tão impaciente?" Na epoca nao entendi a mensagem. Hoje, olho para tras e vejo com clareza. Quizera voltar no tempo... uma pena que não é possível!





Baher e eu. Guangzhou, China.
Jogando futebol na China eu dava um olé no menino chinês e ja me preparava para o proximo. De repente o mesmo voltava, e aproveitando-se da minha desatenção, roubava a bola de mim. Isso aconteceu várias vezes até que eu percebi que na mente do menino chinês, "levar um olé não é razão para se dar por vencido no jogo." A atitude do menino brasileiro no campo é muito diferente, pois depois de tomar um drible, o jogador dá a sua participação por encerrada naquela jogada e fica por lá mesmo. Na China, aprendi que levarei dribles e tombos na vida, mas que estes somente devem me animar ainda mais a ir em busca dos meus objetivos. Apesar da pouca qualidade técnica, os meninos chineses tem raciocinio rápido. Mas sua maior virtude na minha opinião, e a sua determinação.


Aqui nos Estados Unidos desde muito jovem, a criança e ensinada e treinada para ser independente e auto suficiente. Exceções existem, mas na maioria dos casos, o jovem deixa a casa dos pais aos dezoito anos de idade. A expectativa e que ja tenha um emprego que possa cobrir suas necessidades básicas. Um adulto morando na casa dos pais não e visto com bons olhos.

Me dou conta que os pais americanos criam seus filhos com o proposito de que tenham êxito e façam boas escolhas a partir dos dezoito anos quando saiam de casa. No Brasil, os pais nao se preocupam tanto em preparar a criança para ser um individuo auto suficiente. Minha impressão e que criam os filhos para si mesmos, para que fiquem por perto.  Sera que a minha perspectiva esta correta? Por favor deixe sua opinião nos comentarios.

Enfim, em breve estarei por ai. Durante minha estadia de apenas dez dias, estarei escrevendo sobre o meu "choque cultural" diariamente. Vai ser muito interessante poder passar por esta experiencia e relata-la aqui no Tangram das Idéias - Coluna do Adriano. Não percam!