terça-feira, 14 de agosto de 2012

A História de um Amor Impossível - Parte 1

JULHO 1992, BARCELONA, ESPANHA.

Porque escrever sobre uma história de amor que não foi bem sucedida? 
  1. Porque com ela aprendi lições culturais muito importantes.
  2. Porque cometi erros (e espero ter aprendido com eles).
  3. Porque eu pensava que Deus tinha uma pessoa feita especialmente para mim e se eu perdesse a oportunidade, acabaria solteiro para sempre.
  4. Porque esta historia mostra que "quem tem pressa come cru e quente."
  5. Porque Deus escreve reto sobre as linhas tortas que traçamos.
Depois de passar semanas inesquecíveis em Sevilla, finalmente chegamos a Barcelona. Estávamos a uma semana da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos - e o clima na cidade era fantástico. Estávamos hospedados nas periferias de Barcelona, mas nas semanas seguintes, faríamos incursões diárias ao centro da Cidade e aos arredores do Estádio Olímpico de Montjuic.

Colégio Salesiano de Mataro', onde morei com outros 5.000 jovens
de varios países do mundo por várias semanas durante as Olimpíadas de Barcelona 1992.


Fomos uma das primeiras equipes a chegar no Colégio Salesiano onde estaríamos hospedados pelo próximo mês. Logo na primeira noite, conheci um grupo cujo os integrantes eram procedentes de vários países. Entre outras pessoas, conheci Sona, uma jovem, de origem Armênia, mas que nasceu e cresceu em Holms, na Síria. Conversamos brevemente, mas imediatamente me interessei em saber mais sobre ela. Naquela época eu era uma "esponja cultural", pois queria saber de tudo sobre todos... principalmente, porque eu começava a ter um interesse muito especial pelo Oriente Médio, mas também porque agora eu podia conversar em Inglês.

Nos dias seguintes, com a chegada dos outros grupos ao colégio eu não tive mais oportunidades de conversar com Sona. Eu a via diariamente, mas sempre estávamos ocupados e rodeados por, aproximadamente, outras 4.998 pessoas participando do congresso internacional da JOCUM, que antecedeu os Jogos Olímpicos.

Estar em Barcelona durante as Olimpíadas foi uma experiência maravilhosa. No congresso conheci pessoas com as quais mantenho amizade até os dias de hoje. 

Entre estas pessoas, gostaria de destacar minha amizade com a Miia Ylikoski – atualmente Miia Gomes. Miia é da Finlândia, nossa amizade foi provada pelos duros testes do tempo e da distância. Já se passaram 20 anos e durante todo este tempo de amizade, o respeito e o amor que tenho pela Miia permanecem intactos. Conheci sua família, na Finlândia, e ela a minha, no Brasil. Esta é uma outra historia, para um futuro post aqui na Coluna.

No meio de toda aquela multidão, meus olhos buscavam pelos olhos da mulher Armeno-Árabe. Meu coração ansiava por mais contato com ela... Queria fazer mais perguntas, saber mais sobre ela, sobre seus planos para o futuro e saber se haveria alguma possibilidade de conhecê-la melhor.

Em nossa segunda e última conversa, em 4 longos anos, eu consegui seu endereço - e também lhe disse que queria uma oportunidade para conhecê-la. E foi só.

Apesar de todas as inúmeras cartas que escrevi nos anos seguintes, eu nunca soube nada mais sobre Sona. Nem ao menos tinha uma foto que alimentasse meus sonhos. Nada. Mas havia uma certeza em meu coração: eu a veria de novo durante os Jogos Olímpicos de Atlanta. Então eu esperei, pois esperar era tudo que me restava fazer.

Durante os próximos 4 anos muitas coisas aconteceram - como seguirei escrevendo aqui nesta coluna. Vivi os melhores anos da minha vida em Torrejon de Ardoz, Espanha. Conheci pessoas fantásticas que acrescentaram muito a minha vida. Também dei inúmeras "pisadas na bola", mas em nenhum momento olhei para trás com saudades das coisas que me prenderam no passado, pois a minha nova vida com Jesus me preencheu.

MAIS UM MILAGRE...
Quatro anos se passaram e eu continuei escrevendo minhas cartas e enviando-as para Sona, em Holms, na Síria. Em Junho de 1996 eu estava no Brasil e fui jogar futebol com uns amigos e, numa jogada de mais pura ignorância futebolística de um jogador do time adversário, sofri uma fratura no tarso (um osso) do meu pé esquerdo. Na mesma noite fiz a radiografia que constatou a fratura e já sai do hospital com o pé engessado.

Fiquei bastante triste com a fratura porque estaria trabalhando com futebol durante toda as Olimpíadas, em Atlanta, e logo com um grupo de jovens americanos que iria comigo ao Brasil.

Algumas semanas mais tarde estava participando de um evento, de uma Igreja Evangélica, quando uma senhora se aproximou de mim e pediu para fazer uma oração por mim. Ela orou para que o meu pé fosse completamente curado. Sai da Igreja andando e sem as muletas. Na mesma semana eu regressai ao médico e foi constatado, através de uma segunda e uma terceira radiografia, que o meu pé estava completamente curado! O osso estava completamente restaurado e os médicos não conseguiam explicar.

SEM RODEIOS...
A última vez que escrevi para Sona foi logo depois que o meu pé foi curado, a um mês do nosso reencontro em Atlanta (Olimpíadas 1996).

Eu me recordo do momento em que fui informado que o grupo proveniente do Oriente Médio havia acabado de chegar... Fui imediatamente em direção ao local onde estavam e assim que cheguei meus olhos encontraram Sona. Quatro anos depois... Será que ela havia recebido minhas cartas? Será que se lembraria de mim? Meu coração pulsava dentro do meu peito e de repente o ar ficou escasso... Eu mau podia respirar.

Ela se virou e me viu, me deu um sorriso e veio em minha direção com alegria no rosto.  Ao se aproximar estendeu sua mão e me disse: "- Fiquei muito feliz por saber que o teu pé foi curado!"

Depois de alguns anos fora do Brasil, eu já tinha alguma noção de como cumprimentar pessoas de outras culturas, então, simplesmente apertei sua mão – mas meu desejo era de dar-lhe o tão esperado beijo.

"- Por que você nunca respondeu minhas cartas?" Perguntei.
"- Por que não queria te dar falsas esperanças", ela respondeu olhando nos meus olhos.
"- Preciso conversar com você... Quando você poderia me dar 30 minutos?"

Assim, marcamos de nos encontrar mais tarde para caminhar e conversar. Eu sabia exatamente como conduzir a conversa. Ou, pelo menos, pensava que sabia. Nos encontramos naquela tarde no lugar marcado. Naquele momento era como se as outras quase 5.000 pessoas presentes simplesmente tivessem desaparecido. Aquele era o momento pelo qual eu havia esperado quatro longos anos e eu não podia perder nem mais um minuto:

“- Sona, você quer se casar comigo?”






Na próxima semana: 
  • A resposta da Sona. 
  • Dois anos depois, Sona e eu conversando outra vez... desta vez em Holms, na Síria.  


















Um comentário:

  1. Adri... só agora que fui ler este post seu. Sempre quando vejo no facebook que tem um novo post, eu corro pra cá pra ler mais, e normalmente vejo que já tem dois que não li. Desta vez não foi diferente.
    A nossa amizade eu guardo pro resto da minha vida. Vc foi a peça chave na minha vida em tantas maneiras... no meu crescimento, na minha vida missionária. No começo dessa carreira missionária e vários outros momentos vc me deu um chute no traseiro quando mais precisava. Te amo demais.
    Miia.

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