quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vinte anos se passaram. Feliz Aniversário pra mim!


Ford do Brasil, Taubate' 1991

No meu ultimo post de 2011 escrevi sobre o "choque cultural" e em apenas 15 dias estarei passando por esta experiencia novamente. Chego no Brasil no dia 21 de Janeiro próximo. Exatamente no dia que completam vinte anos da minha chegada à Espanha. Certamente, será um momento especial tanto para mim, como também para os meus pais e irmãos, pois vinte anos não são poucos anos. Em vinte anos muitas coisas mudaram. O que mudou na sua vida nos últimos 20 anos? Talvez ainda fosse um bebe, ou talvez ainda nem estivesse vivo (a)!

Em vinte anos, minha vida mudou muito. Pena que algumas das coisas que eu estava fazendo há vinte anos atras não são dignas de serem lembradas, muito menos de serem escritas e registradas.

Vinte anos depois eu volto, mas não o mesmo. Além dos vinte anos a mais - que podem ser notados pelo processo de queda de cabelos nas regiões fronto- temporais, as famosas "entradas"- trago comigo vinte anos de influências trans-culturais, européia, arabe, orientais, mas principalmente norte americana, por razão dos dez anos que já levo como residente nos Estados Unidos.

Mesmo com tantos anos e tantas influencias, em essência, sou Brasileiro e apaixonado pelo Brasil.

A vida e os anos nos ensinam muitas coisas. Ao completar vinte anos desde minha primeira aventura, tenho tentado refletir nas coisas importantes que aconteceram e o que tenho aprendido ao largo dos anos.

Eszter e eu. Budapeste, Hungria 1997.
Entre outras coisas, na Europa eu aprendi que uma amizade não acontece com a mesma rapidez que acontece no Brasil. As pessoas demoram um pouco mais para se sentirem confortáveis com "desconhecidos e estrangeiros." Mas eu aprendi que vale a pena persistir e investir, vale a pena se dedicar e servir, pois uma vez amigos, amigos para sempre! No Brasil somos mais "dados" - mas ao mesmo tempo somos muito rápidos em descartar um "amigo".




Piramide de Giza, Egito 1997. 
No Oriente Medio aprendi que as coisas nem sempre precisam acontecem na velocidade com que estamos acostumados no Ocidente. Quando cheguei no Egito em 1997 eu quiz "fazer acontecer." Vários Egípcios com quem tive a oportunidade de conviver e conversar me recomendaram "ir com calma". Como dizem os Egípcios, "as pirâmides não foram construídas da noite para o dia, então para que ser tão impaciente?" Na epoca nao entendi a mensagem. Hoje, olho para tras e vejo com clareza. Quizera voltar no tempo... uma pena que não é possível!





Baher e eu. Guangzhou, China.
Jogando futebol na China eu dava um olé no menino chinês e ja me preparava para o proximo. De repente o mesmo voltava, e aproveitando-se da minha desatenção, roubava a bola de mim. Isso aconteceu várias vezes até que eu percebi que na mente do menino chinês, "levar um olé não é razão para se dar por vencido no jogo." A atitude do menino brasileiro no campo é muito diferente, pois depois de tomar um drible, o jogador dá a sua participação por encerrada naquela jogada e fica por lá mesmo. Na China, aprendi que levarei dribles e tombos na vida, mas que estes somente devem me animar ainda mais a ir em busca dos meus objetivos. Apesar da pouca qualidade técnica, os meninos chineses tem raciocinio rápido. Mas sua maior virtude na minha opinião, e a sua determinação.


Aqui nos Estados Unidos desde muito jovem, a criança e ensinada e treinada para ser independente e auto suficiente. Exceções existem, mas na maioria dos casos, o jovem deixa a casa dos pais aos dezoito anos de idade. A expectativa e que ja tenha um emprego que possa cobrir suas necessidades básicas. Um adulto morando na casa dos pais não e visto com bons olhos.

Me dou conta que os pais americanos criam seus filhos com o proposito de que tenham êxito e façam boas escolhas a partir dos dezoito anos quando saiam de casa. No Brasil, os pais nao se preocupam tanto em preparar a criança para ser um individuo auto suficiente. Minha impressão e que criam os filhos para si mesmos, para que fiquem por perto.  Sera que a minha perspectiva esta correta? Por favor deixe sua opinião nos comentarios.

Enfim, em breve estarei por ai. Durante minha estadia de apenas dez dias, estarei escrevendo sobre o meu "choque cultural" diariamente. Vai ser muito interessante poder passar por esta experiencia e relata-la aqui no Tangram das Idéias - Coluna do Adriano. Não percam!

5 comentários:

  1. Estavamos conversando sobre esta diferença no outro dia com o meu marido: dos filhos sair de casa com os 18 ou por aí...
    O Milton acha o absurdo - e olha q ele saiu de casa com 9 anos pra rua - fala que os nossos filhos vão ficar até casarem! Deus me livre! Direto da saia da mãe para esposa, achando que a esposa é segunda mãe; nunca ter vivido só, cuidado totalmente de si. Não vai dar, não. Os nossos filhos vão ter que sair mais cedo, aprender a viver sozinhos, cuidarem de tudo e cortarem o cordão umbilical. Aí, sim, podem andar pro casamento. Não que eu queira eles longe de mim, mas quero que saibam viver sem ter alguem sempre cuidando de tudo, fazendo tudo por eles.
    O Milton acha isso frio demais, errado. Vamos ter que ancontrar um meio termo, onde os dois vão se sentir mais ou menos comfortáveis. Se é que isso existe.
    Aí, lembrei do dia q eu sai de casa com os 17 anos... já tava me preparando por um tempo, comprando as coisas de casa, guardando e esperando O DIA. Minha mãe ficava perguntando já tempos: vc não vai mudar não? Quando q vc vai? Normal, uai!
    E quando mudei e te contei, vc me perguntando todo preocupado como q tava com a minha família, o que tinha acontecido. Eu nem entendi na época a sua pergunta. Achava estranho e tentava quebrar minha cabeça pra entender de onde vinham as perguntas. Só bem depois entendi a diferença de culturas e vi a razão da sua preocupação. A minha maior alegria, algo que já esperava tanto tempo e preparava junto com a minha mãe, era um sintoma de algo errado pra vc, deve ter acontecido algo na nossa família.
    Vá entender estas diferenças! E agora em junho, mudando de volta pra Finlândia depois de 12 anos, não sei quyem vai ter maior choque cultural, Milton ou eu!

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  2. Miia, eu não me lembrava dessa nossa conversa... foi la na Finlândia que tivemos essa conversa? Enfim, para ser bem sincero, eu ainda sou Brasileiro neste tema. Por mim, meus filhos nem se casavam :) e ficariam crianças para sempre :) Mas eu entendo que este e' somente o meu coração. Na logica, eu entendo os benefícios de deixá-los ir aos 18 anos e minha meta e' prepará-los para que possam ir como vencedores, com estrutura para dar seguimento a sua caminhada com Deus. Esta e' minha oração todos os dias: que meus filhos caminhem com Deus todos os dias de suas vidas. Por outro lado, vejo tambem o lado negativo do individualismo Americano e Europeu... o que vc acha?

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  3. Foi... quando vc chegou lá vc sentou e me perguntou o que tinha acontecido pra eu ter saido de casa :) E eu lá, tentando entender como assim?!!
    Pra mim foi muito bom. Amei o tempo que morei sozinha, mas continuei com apoio dos meus pais quando precisava resolver algo que não sabia como. Foi uma época que aprendi muita coisa, vi que dava conta de cuidar de mim mesmo. Foi muito gostoso. Tenho boas lembranças.
    Mas claro, todas as coisas tem os dois lados.
    E acho que é isso que todos pais crentes querem pros seus filhos: que seguem a Deus, independente de quando saiem de casa. Bem, eu falo que não quero que meus filhos fiquem em casa até casarem, mas q saiam antes, mas tenho certeza que não vai ser fácil de deixar eles irem. Filho é filho, não importa quantos anos ele tem, não é? E olha lá que vão ter q ter pelo menos uns 25 anos pra começar namorar :)
    E sim, tem o lado muito bonito nisso tudo aquino Brasil tb... o filho cuida dos pais muito mais do que na Europa, a família muitas vezes é mais unida. Lá, chega a certa idade, não dá conta mais viver sozinho, mete o velho num asilo (são lugares bons, sim, mas não são família). Aqui, porem, alguem dos filhos normalmente se levanta e cuida... Lá é muito mais cada um por si, família só nas datas importantes.
    São coisas complicadas e eu ainda to esperando ficr gente grande pra ter sabedoria pra lidar com tudo isso quando a hora chegar... quando é mesmo que a gente se vira adulto, hein?

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  4. Oi Adriano, então vc ficou 20 anos sem visitar sua família? Como conseguiu?
    Eu saí de casa com 17 anos, mas não queria, foi por necessidade, para fazer faculdade. Meus amigos não viam a hora de fazer 18 anos e mudarem para longe dos pais, eu por outro lado nunca havia pensado nisso. Eu até achava que depois da faculdade voltaria para casa, mas isso nunca aconteceu. Minha mãe sente muito por isto, pois ela gostaria de ter tido mais tempo comigo. Agora nos vemos uma vez por ano, se eu não vou, ela vem.
    Acho que vc e a Miia tem razão, o importante é criar filhos para quando eles crescerem fazerem boas escolhas e continuarem andando com o Senhor.

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    1. Não Marli, eu voltei ao Brasil com frequência por muitos anos. Somente agora que estou casado e com a família aqui, e' que eu tenho ido de dois em dois anos. Vc disse tocou no ponto crucial desta conversa: "...pois ela gostaria de ter tido mais tempo comigo" Na nossa cultura, os pais não criam os filhos para que eles possam dar o salto do ninho e aprender a voar por si mesmos. Por isso, em casos como os nossos, quando os pais percebem que não voltaremos para a casa, ai vem o desespero. A Miia colocou muito bem desde a perspectiva de outra cultura (não sei se vc percebeu, mas ela e' Finlandesa apesar do português perfeito :) os pontos positivos e negativos desta diferença cultural. Mas como muitas outras diferenças entre culturas, não tem como afirmar qual e' o melhor, não acha?

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